10 de outubro de 2008

ah! a arte

não acho que a linguagem, a criação da tecnologia ou mesmo a auto-consciência seja original do homem, há diversos tipos de gradações que podemos encontrar nos outros animais, apesar disso nenhuma espécie é tão plástica como a do homem.
talvez a arte seja a expressão humana mais legítima, em todo reino animal.
a expressão através das impressões, como ocorre em quase tudo no homem. a objetividade através da subjetividade.

a arte provavelmente já teve sua importância biológica em nossa espécie. há especulações de que se não fosse pelo surgimento da pintura, informações de grande relevância como a indicação de recursos alimentares, água, abrigo, etc, não teríamos sobrevivido à diáspora que dispersou o homem pela superfície deste planeta, permitindo nossa saída do berço da humanidade: a áfrica.
a informação visual é de tamanha relevância que mesmo hoje as utilizamos como placas, sinais e outras marcas informativas, seja no trânsito, seja pra não pisar na grama, ou pra não se sentar na escada rolante.

mas seria um erro reduzir a arte apenas as artes visuais.

a música! a música é dentre as artes, a minha preferida.
a música, assim como muitas outras características de nossa espécie surge de ritos sociais. ritos, estes, que reproduzimos ainda hoje, como as refeições à mesa junto com familiares, cerimônias fúnebres ou festas, onipresentes em todas as culturas, provavelmente desde que deixamos de ser nômades e pudemos contar com a sazonalidade.
a arte, é antes de mais nada uma forma de comunicação. e a comunicação sempre foi fator importante na coesão social, independentemente da espécie.por sermos uma espécie altamente social, essa sociabilidade se faz indispensável.
e o que fazemos até os dias de hoje é nos identificar com outras pessoas que tenham interesses semelhantes e são de certa forma exercícios de diplomacia que praticamos.

hoje, o que caracterizou os laços sociais acabaram sendo individualizados, como tantas outras coisas; talvez tenha sido culpa do século xx, onde a subversão foi mais gloriosa do que nunca fora em nossa história.
o surgimento das vanguardas modernistas ilustra isso muito bem, em quaisquer artes que virmos, seja na música, na pintura, na literatura, no cinema, continuamos a querer inovar ad infinitum. chegando até a ser exaustivo.

é claro que com o advento da linguagem e de outras capacidades neurais que aumentam a capacidade simbólica de nosso cérebro, somos capazes de criar muito mais coisas do que já foi imaginado na natureza. e indiscutivelmente acabamos por utilizar esta capacidade em todas as outras coisas como a tecnologia e a própria linguagem.

hoje a tecnologia claramente não se reduz simplesmente a ferramentas (de caça), mas ocorre em todos os âmbitos da atividade humana.
uma frase que ouvi recentemente numa aula de música foi: "a criatividade vem da necessidade", o professor se referia a músca, mas consigo fazer paralelos em praticamente tudo. do surgimento da ferramenta, passando pelas inovações artísticas que ocorrem de tempos em tempos, ou mesmo ideologias políticas que se renovam.

o homem necessita se reformular toda vez, apenas variando o tema. sempre.

a arte já passou pela auto promoção, a auto negação, e hoje é praticamente um misto amorfo de idéias, das quais inevitavelmente surgem coisas boas assim como ruins, e que serão referência para o futuro, seja lá o que vier.

alguns dizem que a arte está na intenção do artista, mas há artistas que dizem que a arte está na percepção da pessoa que aprecia a obra.
enfim, as definições são de menos.
apenas a aprecie/interaja/etc.

agende-se: mostra sesc de artes, 08 a 18 de outubro, nas unidades do sesc
pianos de rua, em oito pontos da cidade de são paulo, para qualquer um sentar e tocar.

Um comentário:

ligia disse...

arte é necessidade. acredito que ela exista onde existe sentimento. qualquer que seja. é comunicação, mas não só. não sei definir os limites... mas não sei se é preciso. por enquanro, me sinto satisfeita.

queria saber fazer... só sei apreciar...