4 de maio de 2010

estímulos agrícolas para o (re)desenvolvimento haitiano

A vida e seus fatores contraintuitivos.
A graça de sistemas vivos com certeza está em respostas que nem sempre são óbvias.
A intuição diz uma coisa mas a realidade é totalmente outra, às vezes até oposta ao que se esperava.

Terremoto no Haiti, foto do site haiti earthquake, da FAO 

Quando um país como o Haiti passa por um desastroso terremoto como aquele de 12 de janeiro deste ano, uma das ajudas humanitárias mais óbvias é o envio de diversos tipos de suprimentos, inclusive alimentar.
Mas sabem que efeitos catastróficos podem se extender indiretamente à economia local devido à doação de alimentos a áreas atingidas por catástrofes?
A lógica é, grosso modo, assim: determinadas pessoas arrecadam alimento e enviam ao país afetado, é óbvio que no primeiro momento isso pode ser positivo, matando a fome de diversas pessoas em condições precárias. O que geralmente a gente não pensa é o efeito disso a médio prazo. Quando consideramos esta escala de tempo, vemos o efeito disso na economia local. O agricultor, quase sempre o pequeno produtor que fornecia alimento para a área afetada sofre com estas ajudas, já que se a demanda por alimento for satisfeita, o agricultor perde o mercado.
Isso quer dizer que o cara perde o pouco que tinha. Isso não é uma mera especulação que tô fazendo, é uma coisa que já aconteceu, sei que na Itália há muitos anos atrás (numa situação parecida), e os pequenos produtores se empobreceram mais piorando ainda mais o cenário local.

Pois bem, uma contribuição construtiva que um país pode fazer a outro nessa condição é estimular sua agricultura, desta forma melhora as condições dos agricultores locais e aos poucos a economia vai se recuperando.

Encontrei uma notícia interessante nesse aspecto, no site da FAO, publicado na semana passada.
A FAO vai usar U$2,3 milhões que o Brasil doou para a compra e distribuição de sementes, fertilizantes, ferramentas e outros insumos agrícolas para famílias rurais haitianas. O Brasil enviou além da grana, 36 toneladas de sementes de milho, 36 toneladas de sementes de feijão e 172 quilos de sementes de hortaliças, afetando positivamente mais de 68 mil agricultores familiares.
O Brasil é o pais que mais tem apoiado – através da FAO – os esforços pós-terremoto, incentivando a reabilitação agrícola de nosso quase-vizinho da América Central.

Mais uma vez o Brasil é impecável quando o tema é política internacional... Às vezes dá até orgulho de ser brasileiro... pena que isso geralmente dura pouco.

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