16 de junho de 2010

Permacultura e a quebra de (pre)conceitos

Este fim de semana foi pouco comum.
Fui convidado pelo Adolfo do Slow Food pra participar de um mutirão de permacultura (num sítio em Cotia), já que eu já flertava essa idéia há algum tempo.

Há muito misticismo e "bicho-grilisse" (viva a capacidade simbólica!) permeando as pessoas que se envolvem com a permacultura, mas há nisso tudo muito conhecimento técnico quanto a uso de recursos naturais que vale a pena ser espalhada.
A idéia básica da permacultura é criar culturas (de plantas) que sejam permanentes, gerando ciclos produtivos que imitem os ecossistemas nos quais se insere. Isso significa um grande reaproveitamento de diversos materiais disponíveis. Seja a terra para construir edificações, seja as plantas daninhas como substrato de uma horta, ou ainda o tratamento alternativo de água, sem usar qualquer substância química, além do uso de plantas de brejo pra uma parte do processo de filtragem natural.
Em tempos de crise ambiental e avaliação da forma que utilizamos os recursos naturais, posso apenas dizer que os criadores da permacultura foram visionários ao pensar em sistemas produtivos como esses nos idos dos anos 1960-1970.

O maior preconceito que foi quebrado, com certeza, é o de edificação de pau-a-pique. É muita presunção achar que, ao contrário das tecnologias convencionais, a de pau-a-pique permanecesse inalterado por décadas. Descobri que é possível (e necessário) diversos acabamentos para que uma casa (ou banheiro seco) de pau-a-pique fique pronto e firme, não devendo muita coisa pra tecnologia convencional de alvenaria.

Outro grande aprendizado foi que não é sequer necessário terra para constituir um solo apto a produzir verduras e ervas medicinais num canteirinho. É possível fazê-lo com uma "lasanha" de esterco e matéria orgânica seca. Sendo possível construir um canteiro desses até sobre o asfalto.

Um ponto fraco que percebi foi que umas das principais premissas (segunda minha perspectiva de biólogo) não é respeitada: o uso da biodiversidade local. Muitas plantas são exóticas e o uso da biodiversidade local não é prioritário nem sequer preferencial. O que é muito triste, ao considerarmos que espécies exóticas figuram entre as principais causas de perda de biodiversidade no mundo.

Essas foram impressões de apenas 2 dias. Contribuí com mão-de-obra, é verdade; mas a experiência de vivenciar tudo isso foi muito inspirador.
Em breve pretendo conhecer essas técnicas mais profundamente, assim como quero me aprofundar no conhecimento de outras formas de se produzir e gerir o alimento.

2 comentários:

Alexandre disse...

e vc falou sobre suas impressões e dúvidas com eles, mestre?
demais mulhéque
weeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

glenn makuta disse...

sim, sim, mas ainda tenho muitas dúvidas... mais nos "comos" que nos "porquês".

preciso fazer um curso de permacultura mesmo pra entender direitinho