[Em outubro último a revista científica Environmental Sciences Europe publicou a primeira pesquisa revisada por pares
analisando o impacto das lavouras transgênicas sobre o uso de
agrotóxicos, utilizando dados do Serviço Nacional de Estatística
Agrícola (NASS, na sigla em inglês) do Departamento de Agricultura do
governo dos EUA (USDA).
(...)
Os dados oficiais mostraram que as lavouras tolerantes à aplicação de
herbicida levaram a um aumento de 239 milhões de kg no uso de herbicidas
nos EUA entre 1996 e 2011, enquanto as lavouras tóxicas a insetos (Bt)
reduziram a aplicação de inseticidas em 56 milhões de kg.
(...)
Entretanto, como era previsto (e foi exaustivamente alertado), após
esses primeiros anos, duas dúzias de espécies de plantas invasoras
tornaram-se resistentes ao glifosato, e muitas delas estão se espalhando
rapidamente, o que tem levado os agricultores a aumentar as
quantidades, tanto de glifosato, como de outros herbicidas utilizados
para controlar as chamadas “super-ervas-daninhas” – incluindo venenos
antigos e mais tóxicos que a tecnologia de tolerância a herbicidas
prometia substituir. Milhões de hectares nos EUA estão infestados com
mais de uma planta invasora resistente ao glifosato, o que tem elevado o
uso de herbicidas em 25% a 50%, aumentando, ao menos na mesma
proporção, os custos com o controle do mato.
(...)
Com relação às lavouras tóxicas a insetos cabe ressaltar que, de
acordo com dados citados no estudo, o volume de toxinas Bt produzidas
por hectare por plantas de milho e algodão transgênicas excede, em quase
todos os casos, o volume de inseticidas substituído pelo plantio da
variedade Bt. Por exemplo, o milho Bt desenvolvido para eliminar a
lagarta-da-raiz-do-milho e outros insetos próximos expressa de 0,6 a 2,8
kg de toxinas Bt por hectare, ao passo que dispensou apenas cerca de
0,2 kg de inseticida por hectare. O milho transgênico chamadoSmartStax,
que sintetiza três proteínas tóxicas à lagarta-do-cartucho e três
proteínas tóxicas à lagarta-da-raiz-do-milho, produz cerca de 4,2 kg de
toxinas Bt por hectare, 19 vezes mais que a taxa média convencional de
aplicação de inseticidas e m 2010.
O pesquisador alerta ainda que as lavouras de milho e algodão Bt
tóxicas a insetos estão também provocando o aumento de insetos
resistentes e começam a reverter a tendência de queda no uso de
inseticidas. À agência de notícias Reuters,
Benbrook declarou que “a relativamente recente emergência e dispersão
de populações de insetos resistentes às toxinas Bt expressas no milho e
no algodão transgênicos já começaram a provocar aumento no uso de
inseticidas, e continuarão a fazê-lo”. Em entrevista, ele explicou que,
“para que os insetos que atacam o milho e o algodã ;o parem de
desenvolver resistência à toxina Bt, agricultores que plantam
variedades transgênicas estão sendo orientados a pulverizar os
inseticidas que o milho e o algodão Bt foram projetados para
substituir”.]
via boletim AS-PTA
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