[Wilson Rocha Assis afirmou já ter elementos suficientes para propor ação penal contra empresa envolvida
O procurador da República em Goiás Wilson Rocha Assis participou,
nesta terça-feira, 13 de agosto, de uma audiência pública, na Comissão
de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, da
Câmara dos Deputados, para discutir a intoxicação de alunos e
profissionais de uma escola rural em Rio Verde em razão da pulverização
aérea de agrotóxicos. Durante o debate, o procurador afirmou já ter
elementos suficientes para propositura de ação penal.
Os deputados Padre João (PT-MG), Heuler Cruvinel (PSD-GO) e Luci
Choinacki (PT-SC) apresentaram requerimento para realização da
audiência, depois que aeronave agrícola pulverizou uma plantação de
milho, atingindo uma escola rural localizada a cerca de 15 metros da
lavoura. Crianças e adultos foram intoxicados pelo produto conhecido
como Engeo Pleno, produzido pela empresa Syngenta. A intoxicação,
ocorrida no dia 3 de maio de 2013, levou a sintomas de vômito, tontura,
dores de cabeça, prurido na pele, formigamento e falta de ar. Ao todo,
foram realizadas 92 notificações de intoxicação ao SINAN, Sistema de
Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde.
Para o procurador da República Wilson Rocha Assis, a audiência contou
com a participação de todos os setores envolvidos no debate sobre a
regulamentação, a fiscalização e o uso de agrotóxicos no Brasil,
contribuindo para que o Ministério Público Federal possa pensar
estratégias e formas de atuação que resguardem os direitos das
comunidades mais diretamente afetadas pelo modelo de desenvolvimento
econômico implantando em diversas regiões do país.
O procurador sustentou ainda a competência federal para a
investigação e processamento do caso, uma vez que se trata de crime
cometido a bordo de aeronave, e afirmou já dispor de elementos
suficientes para a propositura de ação penal. Nesse momento, o
Ministério Público Federal aguarda apenas a conclusão do inquérito
policial, o que deve ocorrer nos próximos dias.
Para Wilson Rocha ampliar a discussão sobre o assunto é essencial.
“Devemos sobretudo capacitar os profissionais da saúde e estruturar os
órgãos de fiscalização, para construir um modelo sustentável de
desenvolvimento no campo. A conservação do meio ambiente e a promoção da
vida humana digna também devem se inserir na agenda de preocupações do
agronegócio”, conclui o procurador.
Além do Ministério Público Federal e parlamentares, também estiveram
presentes na audiência, representantes do Ibama, Embrapa, Ministério da
Educação, Saúde, Agricultura, Meio Ambiente, familiares das vítimas,
Fundação Oswaldo Cruz, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos,
Secretaria de Saúde de Rio Verde e Montividiu, Sindicato Nacional das
Empresas de Aviação Agrícola, Unifesp, além da Aerotex, empresa
envolvida no caso.
Fonte: Procuradoria Geral da República]
via EcoDebate
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