7 de junho de 2009

fake plastic ocean

essa notícia é meio velha, já tem duas semanas de idade(divulgada pela afp - agence france-presse), mas vale a pena comentar.
é sobre o vórtex plástico(plastic vortex), também conhecido como grande mancha de lixo do pacífico (great pacific garbage patch).
este é um grande acúmulo de lixo que fica flutuando pelo pacífico, entre a ásia e a américa, sendo levados de um lado para outro pelas correntes marítimas. o lixo é proveniente do descarte tanto em mar aberto como na costa e são levados ao meio do oceano, sendo acumulados nas últimas décadas, principalemente nos últimos 60 anos.

esquema que destaca as correntes envolvidas no vórtex plástico

estima-se que a mancha leste de lixo tenha um tamanho aproximado de 2 texas em extensão. considera-se ainda que a parte submersa meça cerca de 10 metros de altura, totalizando mais de 4 milhões de toneladas de lixo. o acúmulo de lixo sempre gera um problema em dois níveis distintos: macro e microscópico (o primeiro em curto, e o segundo em médio a longo prazo).

o macro é basicamente o que vemos a olho nu. um monte de lixo que é feio, sujo e fedido. até aí nada de mais, muitas vezes as pessoas acabam se preocupando apenas com este aspecto. é claro que é um aspecto de suprema importância a ser relevada, pois mata, num curto a médio prazo, animais diversos que se alimentam de tais materiais, confundindo-os com alimento. isto não quer dizer que estes animais são estúpidos. a verdade é que dentro do repertório normal de comportamentos, objetos que eles encontram boiando é comida. o plástico é uma invenção humana recente, e portanto, nenhum outro animal sabe como lidar com isto (aliás, nem nós mesmo que o criamos, sabemos direito).

foto tirada do site do kaisei project

o micro é tão ou mais nocivo a todo o ecossistema que o envolve. principalmente devido a fotodegradação do plástico, que geram partículas menores que agora podem ser absorvidos por seres menores, tornando o mar em uma grande sopa tóxica. o bioacúmulo deste tipo de substância não é tão conhecido nos detalhes, mas nenhum mecanismo fisiológico ainda é capaz de aproveitar (ou degradar em grande escala) esse tipo de recurso, sendo extremamente tóxico e passando por toda a teia trófica destes ambientes.

segundo a UNEP, conhecido em português pela sigla PNUMA (programa das nações unidas para o meio ambiente), há cerca de 13 mil peças de lixo plástico/km², havendo 5 "giros oceânicos" em que o acúmulo de lixo é um problema grave, sendo o do Pacífico norte o pior de todos.

uma expedição (Kaisei Project) organizada e liderada por Doug Woodring analisará as possibilidades de se retirar o lixo da mancha leste, além de tentar analisar os danos que este lixo todo causa. segundo ele, as pequenas partes de plástico que os peixes comem, na verdade agem como bombas tóxicas, possivelmente entrando na alimentação humana.

a expedição durará 50 dias indo e voltando de San Francisco ao Havaí, passando duas vezes pelo vórtex. pescadores que utilizam a técnica de arrasto tentarão pegar o lixo sem danificar muito a vida marinha. segundo Woodring, a rede deve ser pequena o suficiente para capturar bastante lixo, mas grande suficiente para deixar passar o plâncton.
a equipe ainda conta com documentaristas da National Geographic e oceanógrafos.
se possível, ainda esperam utilizar o lixo recolhido para reciclagem ou geração de combustíveis.

a missão ainda procura financiamento de 2 milhões de dólares, sendo que já conta com apoio da UNEP. por localizar-se em águas internacionais, nenhum governo é inteiramente responsável, não havendo pressões para a limpeza.

muitas expedições já foram feitas, mas esta é esperada como sendo a mais científica de todas até agora, sendo a primeira a estudar poluentes superficiais do mar, impacto a organismos em profundidades médias, sedimentos de fundo, e os impactos a organismos causados pela extração de substâncias químicas que constituem os plásticos descartados.

este é mais um alerta a respeito do lixo, que em minha humilde opinião é um dos maiores problemas ambientais atuais (gerados pelo consumismo exacerbado) além de intimamente relacionado com o da água (por poluição direta ou indireta).

mar de lixo em terra firme: repensar é preciso. tirado daqui

e mais uma vez digo que precisamos mudar nossos hábitos, não porque precisamos salvar o planeta, afinal ele não precisa ser salvo, pois dentro de algumas dezenas ou centenas de milhões de anos (e muito além da extinção de nossa espécie) ele se regenerará. mas a humanidade precisa ser salva. e já que é para vivermos, que seja com qualidade, isto quer dizer várias coisas, mas principalmente que a preocupação ambiental deve ser antes de mais nada, uma preocupação social.

de que adianta gabar de tanta inteligência se ao vermos a casca de banana, já lamentamos a queda?

para mais informações sobre a expedição ao vórtex plástico acesse o site do projeto kaisei

Um comentário:

Patola disse...

Tá bom, mas antes de empolgar demais com isso é bom ter um pouquinho de ceticismo saudável, beleza?