10 de março de 2009

a questão ambiental é no fundo uma questão social

quando houve o lançamento do livro charles darwin - em um futuro não tão distante, uma das pessoas que falou foi sérgio besserman vianna, economista da puc-rj. sua fala me intrigou muito, e assim que peguei o livro, comecei lendo o capítulo escrito por ele, intitulado darwin e a consciência no século xxi. é bastante interessante, pois sai do âmbito meramente biológico, passeando por psicanálise, economia e outras ditas ciências sociais, e uma das idéias defendidas por ele, e que concordo, é de que a questão ambiental é no fundo, ou talvez nem tão fundo assim, uma questão social. mas não uma mera questão social, mas uma questão social no nível específico! um problema como nunca antes enfrentamos.

devemos nos colocar em nosso lugar, nada de querer cuidar da natureza por que ela não sabe se defender. o enfoque que deveria ser dado no ambientalismo é totalmente outro: devemos cuidar da natureza, pois caso contrário, quem vai se dar mal somos nós, e nem sobreviveremos pra contar a história.
segue um trecho que escolhi de seu capítulo:

"ainda que, com o aumento do seu poder sobre a natureza, a humanidade tenha desenvolvido um ingênuo sentimento de onipotência, a verdade é que na escala de tempo adequada, que não é a das décadas da nossa existência, ou dos séculos e milênios de nossa história, ou mesmo das poucas centenas de milhares de anos do Homo sapiens, mas sim dezenas de milhões de anos, a nossa espécie Homo sapiens não tem capacidade de gerar um dano notável na natureza do planeta. no máximo, provocaríamos mais uma grande extinção, ao final da qual uma nova era, com uma nova biodiversidade, surgiria (calcula-se em cinco a dez milhões de anos o tempo de recuperação da natureza após cada uma das cinco grandes extinções). nós, certamente, não estaríamos aqui.
por essa razão, preocupar-se com o meio ambiente do planeta não é uma consciência que possa decorrer de uma postura paternalista, algo ridícula, em relação ao meio natural, mas, ao contrário, um reconhecimento da nossa impotência e dependência do planeta. o fundamento da consciência ecológica é o humanismo"

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