no curso de etnobotânica que tive na graduação aprendi que aquilo que temos como itens tradicionais de uma cultura vão se modificando ao longo do tempo, isso simplesmente porque determinada cultura tem contato com outras adjacentes, introduzindo e removendo itens gradualmente, e consequentemente alterando ambas culturas.
outra forma que existe de modificar uma cultura é conquistando-a.
antigamente a única forma que tínhamos para conquistar um grupo era através de guerras, uma conquista meramente física. atualmente a conquista pode ser muito mais discreta, afetando apenas um ou outro aspecto de determinada cultura.
a china é atualmente, ao meu ver, um mosaico de valores culturais, econômicos, sociais, assim como nosso país. e nesse mosaico se encontra o atrito entre valores culturais tradicionais com valores culturais globais.
globalmente [ou melhor, na cultura ocidental], cães e o gatos são tidos como membros secundários da família, e é tratado como tal. isso impede muitas pessoas de tê-las como fonte de carne. o mesmo não ocorre com frangos, caprinos, ovinos, suínos, bovinos e tantos outros... todos disponíveis para nossa alimentação.
gosto muito de cães e gatos, mas acho besta essa idéia de censurar a carne de cachorro ou gato na china.
acho que hoje em dia temos conhecimento suficiente para que a vida e morte desses animais sejam de boa qualidade, sem danificar a qualidade da carne, nem depreciar o bem estar do animal, além duma morte indolor.
creio que uma adaptação chinesa a esses fatores já seria de muito bom grado, já que atualmente a condição em que essas coisas ocorrem [que podemos ver em vídeos e fotos dos mercados chineses] são, de fato, muuuuito precárias.
imaginem se a índia decidir entrar nessa também...
teríamos o maior rebanho bovino do mundo disponível para a alimentação humana...
miss ellie, eleita o cachorro mais feio do mundo em 2009, na categoria pedigree.
4 comentários:
bom... comida é tudo aquilo que já foi vivo um dia, e se transformou em energia para outro ser... seja um animal q come um animal, um animal que come um vegetal, um vegetal q suga da terra resultado de trabalhos de bacterias, ou seja lá o q for...
cada um come aquilo que pode. na africa, vi na tv, um ritual, para mim medonho e assutador de sacrificio de cães... com pauladas na cabeça e tudo e depois comem a carne. mas para essa tribo, é uma homenagem ao cachorro... eu acho horrivel, eles estão honrando o cachorro....
as condições de abate poderiam ser boas, mas, infelizmente, elas não são nem para carnes bovina para consumo humano aqui no nosso país.
o que falta ao homem é humildade de perceber que o mundo está aí... apenas está... e não pq o mundo precisa do homem...
faz parte da natureza comer algo que já teve vida um dia para que a vida possa continuar, então se é natural... é natural oras!
aah e outra... maior horrivel essa foto do cachorro churrasco hein?? na posição mais legal de ver seu cachorro qdo ele ta vivo e te pedindo carinho... podia ter escolhido aquela q eles tão no espeto, sei lá!
li, muito legal esse lance da áfrica.
nem tinha idéia disso.. mas é isso mesmo, o homem é muito mais diverso do que aceitamos ou, muitas vezes, do que gostaríamos.
o homem não é um animal belo ou gentil, como muitos se fazem crer.
a questão dos limiares de a partir de que ponto podemos intervir numa cultura alheia é muuuuito polêmica.
o caso dos países que caçam atum por exemplo dá no que falar. eles alegam que é uma prática tradicional e por isso continuam.
nesse caso, a meu ver, era só eles se adaptarem à escala tradicional e provavelmente não teriam impactos tão negativos nas populações de atum-azul.
é difícil tambem, no caso do atum, é que argumento supera o lado econômico. pra se ter uma noção um atum-azul inteiro pode custar uma bagatela de 150 a 200 MIL dólares.
imagina quanto faturam os caras que pescam centenas de atuns desses?
no fim é tudo uma questão de valores. não tem como nos dissociarmos do fato de sermos animais simbólicos.
no fim eles nem querem saber se é cachorro, gato ou humano que vai sair no espeto, eles só querem é vender e ponto.
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