28 de dezembro de 2008

agite antes de usar

tecnologias visam aumentar a eficiência dos produtos que temos ou mesmo criar novas possibilidades para fins que beiram a revolução na forma de pensar, reduzir custos tornando certos avanços mais acessíveis ou mesmo acrescentar mais um item no inventário de objetos totalmente inúteis criados pelo homem.
além disso tudo podem também melhorar nossa relação com o meio ambiente, diminuindo a necessidade de retirarmos tantos recursos naturais dele.

nos tempos atuais, o lixo eletrônico - não apenas spams que recebemos via e-mail, mas também os produtos tecnológicos obsoletos - é uma grande dor de cabeça, e seguindo aquela idéia de reduzir o lixo que geramos, podemos chgar a produtos eletrônicos que não gastem energia elétrica.
e hoje, vasculhando pelos feeds encontrei na net o controle remoto que não precisa de pilhas.
não precisar de pilhas é um grande avanço, por menos que controles remotos gastem.

no planeta que se chama terra, quando obviamente é oceano...

... boas notícias das águas do planeta.

este ano, a baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) foi recategorizada - pela iucn - e agora é considerada espécie de preocupação menor (least concern) , sendo que antes estava na categoria de espécie vulnerável (vulnerable).
nem por isso podemos deixar de nos preocupar. como o termo sugere, a preocupação é menor, mas ainda sim uma preocupação.

fonte

17 de dezembro de 2008

medidas anti-engasgos

o japão é conhecido, entre outras coisas - pessoas bizarras, tecnologias do futuro, caça as baleias, dragon ball, etc. -, por apresentar uma expectativa de vida bastante elevada e com estrutura etária de muitos velhos na população. muitos velhos geralmente quer dizer uma dor de cabeça enorme no setor de saúde pública. mas a medicina preventiva é o melhor remédio.
estou dizendo isto pois outro dia no canal japonês nhk estava passando num programa uma série de exercícios para fortalecer a musculatura do pescoço. isto porque quando ficamos velhos essa musculatura, por ser pouco usada, fica enfraquecida, e então as pessoas ficam mais propensas a engasgarem com alimentos. e engasgar pode muitas vezes significar a morte.
pessoas que falam bastante podem ter essa musculatura naturalmente fortalecidas, mas pessoas que não falam tanto podem obter o benefício com os exercícios apresentados. basicamente consistem em esticar a língua abrindo a boca o máximo possível, depois, esticar a língua pros lados e assim por diante.
isso tudo não é pra remeter à idéia de presença de utilidades dentro da tela, mas pra lembrar de um fato evolutivo muito intrigante: o surgimento da fala.

nos outros mamíferos, nos quais a vocalização não é tão pronunciada como em nossa espécie, o sistema respiratório é completamente separado do sistema digestório, havendo ínfimas possibilidades de se engasgarem com o alimento devido a vocalização.


em caso de engasgos, nada como a manobra heimlich... - fonte

... que parece funcionar em outras espécies também. fonte

ter evoluído e consolidado um sistema de comunicação que põe em risco a própria vida só pode significar que a comunicação verbal é de extrema valia, em outras palavras, a fala é tão importante que vale a pena morrer por ela.

16 de dezembro de 2008

(ovo)²

há algum tempo atrás eu postei sobre um ovo que encontraram dentro de outro ovo.
prometi trazer uma resposta caso conseguisse.
pois bem, enviei um email pra minha professora de embriologia da graduação e ela só me respondeu essa semana.

na verdade o que ocorre é bem simples de entender.

ovo no ovo, mais fácil de entender do que parece. fonte

o processo de oviposição tem sentido único, sendo que ao passar pelo oviduto o ovo é "montado" de dentro pra fora, sendo a casca a última parte do ovo. portanto é muito estranho que haja dois ovos, um dentro de outro.
mas sistemas biológicos podem funcionar de forma imprevisível, principalmente em situações de estresse.
galinhas cativas geralmente ficam sob condições extremas de estresse crônico, e isso pode causar diversas anomalias no funcionamento de seu organismo e uma das possibilidades deste estresse é a inversão do peristaltismo que ocorre no oviduto.
caso o ovo já esteja formado e a inversão ocorra, o ovo poderá voltar e, portanto, passar duas vezes no oviduto, sendo "montado" novamente e dando origem ao ovo dentro do ovo.

2 de dezembro de 2008

estorvinhos e o ebm

roma é conhecido por alguns aspectos da fauna sinantrópica, devido a grandes populações lá existentes. há diversos estudos que abordam a biologia de animais como gatos (Felis catus), roedores comensais (Rattus rattus, R. norvegicus e Mus musculus). e diversos são os problemas relacionados com explosões populacionais dessas espécies necessitando para cada caso, medidas de manejo apropriadas, levando-se em conta a ecologia do animal para que medidas de manejo sejam mais efetivas.

foto retirada do site da bbc

roma também é palco para a chegada de estorninhos (aves do gênero Sturnus sp), que vão para lá passar as férias de o inverno. a presença desses animais pode ser um espetáculo visual - o qual ainda não presenciei - e dizem que o barulho que fazem também é bem alto. mas o que mais preocupa os moradores da cidade eterna são as fezes destes animais, que aos milhões podem causar danos consideráveis em estruturas como edificações e monumentos.

para agravar o problema, neste ano a chegada dos estorninhos bateu o recorde com cerca de 5 milhões de estorvinhos estorninhos na cidade, segundo site da bbc.

a medida de manejo adotada pela prefeitura está sendo a utilização de playbacks do que chamamos de distress calls. tais chamados são vocalizações de animais em perigo extremo, que geralmente remete a situações de sofrimento do animal.
o playback é a simulação de informação que faz com que o animal ache que há um indivíduo que realmente esteja executando tal comportamento.
o caso de utilizar o distress call é para assustar outros indivíduos para que eles vejam o local como não sendo seguro para se abrigar.

como ocorre para qualquer animal passível de manejo, é questão de tempo para que esta ação perca sua efetividade, a não ser que seja alternada com outras medidas, compondo um manejo baseado no ecossistema (ebm, na sigla em inglês para ecosystem-based management, sob mesma sigla é possével encontrar o termo ecologically-based management - manejo ecologicamente baseado -, ainda não sei se é a mesma coisa, mas aparentemente sim, caso não seja, me corrigirei assim que descobrir)

apesar de apenas recentemente esta idéia ter ganhado força (algo em torno de 15 a 20 anos), ela não é nova, e remete ao the ecosystem concept in natural resouce management, de van dyne (1969).

essa é a melhor forma encontrada pela ciência para manejar os bichos que vivem conosco, tratando-os da melhor forma possível, para que não sejam danosos entre eles, e principalmente para não serem danoso para nós.

nenhuma espécie deveria ser um estorvo para nós, mas se não soubemos como usufruir o que a natureza oferece, uma hora isto volta contra nós.

fonte consultada
- milhões de estorninhos invadem roma - site da bbc

1 de dezembro de 2008

fauna doméstica

caso v. tenha um jardim já se perguntou que animais vive nele?
não apenas um provavel animal domesticado, mas a fauna selvagem que nele vive.
e se v. acha que precisa de muito mato pra encontrar essa fauna, se engana.
a fauna urbana é bem menos valorizada do que deveria, como se a cidade não constituísse um ecossitema de verdade. pois bem, a cidade é um ecossistema de verdade, muito complexo, muito dinâmico, e onde boa parte da nossa própria espécie vive. ah, e claro, conhecemos muito pouco sobre tudo isso.

em casa as vezes encontro alguns artópodos (insetos, aracnídeos, quilópodos) vagando por aí, mas os mais fáceis de serem visualizados são as aves como rolinhas (Columbina talpacoti), avoantes (Zenaida auriculata) , sabiás-laranjeiras (Turdus rufiventris), bem-te-vis (Pitangus sulphuratus), bicos-de-lacre (Estrilda astrild), entre outros - principalmente passeriformes (popularmente conhecidos simplesmente como pássaros).
e neste fim-de-semana, tive a oportunidade de encontrar um ninho (ainda não sei do quê), na dama-da-noite (Cestrum nocturnum) que tem aqui no quintal.


foto superior: visão geral do ninho
foto inferior: visão de cima do ninho

um ninho é uma estrutura muito bem acabada, é o lugar onde são chocados os ovos e criados os filhotes, e apesar de nunca mencionado, é uma coisa utilizado quase exclusivamente para estes fins - não sei porquê, mas eu só descobri depois de conversar com ornitólogos, e nunca encontrei nada na literatura ornitológica que diga isso -; os ninhos podem ser utilizados na próxima estação reprodutiva ou não. e possivelmente é utilizado por outras espécies oportunistas.

nas cidades os ninhos podem conter materiais antropogênicos, como plásticos, aliás se v. observar a 1ª foto ampliada verá uns fios de sacos plásticos utilizados no ninho.

e o mais legal é que estes animais se associam ao homem, por isso, antes de serem simplesmente urbanóides, são essencialmente sinantrópicos, pois damos oportunidades a estes animais incríveis.
tais oportunidades são tecnicamente o aumento da capacidade suporte*.

e assim a vida selvagem sobrevive na cidade.

glossário
*capacidade suporte é a medida que mensura o tamanho populacional suportado por determinado ambiente. animais muito exigentes (de hábitos especializados) se dão mal num ecossistema urbano, por outro lado os menos exigentes (de hábitos oportunistas e generalistas como os próprios humanos) se dão muito bem por se associarem aos nossos hábitos - principalmente pela facilidade de abrigo e alimento.